quinta-feira, 31 de julho de 2014

Dia Mundial do Rock 2014 - Completo





OLHARES SOBRE O "ROCK GOIANO"
Legal esse programa da TV UFG sobre o rock em Goiás!
Não poderia ter apresentador melhor: Brandão, "papa do rock goiano" e um dos maiores (ir)responsáveis por essa bagaça toda (inclusive por MIM - rs)...
autor do CD "Cai pro Pau, Gordin Mané" (grande homenagem ao Centro Cultural Martim Cerere, coração do "rock goiano" ) e o que vejo como um "tropicalista goiano" (no sentido de transitar entre a MPB e o rock e por ser o ÚNICO goiano a ter uma música arranjada pelo maestro ROGÉRIO DUPRAT, o "George Martin" dos Os Mutantes , além de ter lançado um "disco conceitual", feito um Tom Zé, "mpbzando" o "rock goiano" )!
Foi um acerto começar com o debate (aliás, foi o único "debate mesmo" que rolou) entre o Segundo e o Kossa ("decadência do underground" ou "crise do discurso"?)! E outro acerto o Brandao definir a Two Beers or not Two Beers Records como "um dos selos mais importantes do Brasil". É importante pois a Two Beers difunde o espírito de "resistência", mesmo marcando presença em todos os eventos roqueiros financiados pelo Estado, nesse sentido tem importância enquanto contraponto dialético, com sua visão trágica de mundo.
No bloco 1: de um lado temos o Segundo fazendo uma crítica ácida ao cenário, em defesa da filosofia do "do it yourself", e do outro, o Kossa, que se assume "tiozão", mas faz bem o seu papel de "comunicador social" tentando entender, sem julgar, o moleque de hoje.
Sobre o ponto "crise do discurso" me lembro que ano passado conversei uma vez com o Ynaiã Benthroldo (ex Macaco Bong) e ele me falava algo no sentido de que, numa perspectiva transformadora, o "ROCK" deixou de ter sentido mais amplo como NARRATIVA e outros estilos (afrobeat, rap, tecnobrega, etc) passaram a ter essa narrativa mais impactante (que isso que é - e foi - o "rock goiano"). E isso se evidencia no fato desses dois representantes da própria "cena" expressar que o "rock goiano" está vivendo uma certa "crise do discurso" (ou "decadência do underground?").
Nesse primeiro bloco levantaram alguns pontos interessantes como: um certo declínio do AUTORAL, tendo em vista o sucesso dos shows covers (e uma prova disso é que até EU tô fazendo show cover! rs) e dos DJs mobilizarem tanto público. Mas faltou pontuar que tem, sim, coisas novas autorais interessantes surgindo e mobilizando público também (e não falo só do Boog Arins, que é a única banda citada... cito aqui a Carne Doce como exemplo).
Massa começar com uma perspectiva crítica (ou seja, documentando a CRISE), pra depois vir com as visões apologéticas do cenário atual.
Curioso também os outros depoimentos de outros sujeitos da cena:
Gustavo Vazquez & Ricardo Darin Leite (representando os donos de estúdio),
Márcio Paixão Júnior & Marlos Miyagi Japão (gerente das salas de espetáculos do Estado e sócio da Monstro Discos + o dono do Diablo Pub e doREPUBLICA ESTÚDIO )
Edimar Filho & João Lucas (defendendo, do ponto de vista dos interesses deles, que vivemos o "melhor momento dos festivais").
Interessante fechar com essa fala de representantes do Bananada e do Vaca Amarela, festivais que são expressões de um "apogeu" (do ponto de vista dos números e do capitalismo) do próprio cenário "independente", deixando implícito uma certa crítica à Monstro, que já foi o centro gravitacional da "Seatle brasileira" e hoje talvez seja uma das maiores "vítimas" dessa "crise do discurso underground" aqui registrada.
Esclarecedor a TV UFG mostrar um pouco de todos esses lados nesses 56 minutos.
Acho que em outro momento seria bom ouvir outras vozes, como o Túlio Fernandes ( Metropolis Retrô ), o Afonso Moreno (do Capim pub e que canta o hino: "Você não se lembra de mim porque eu sou underground"!) e o Rogério Pafa. Aliás, acho que dá pra escrever sobre o cenário do rock goiano a partir da trajetória do Pafa (do Mandatory Suicide, passando pelo pop rock e pelo independente, chegando ao LOOP Studio/pizza/pub, que, além de estúdio, é um dos lugares que mais abrigam a diversidade musical de Goiânia).
"Apogeu"? "Decadência"?
Veja e pense a respeito...
Eu fico aqui no meu canto cantando com o Arnaldão Baptista:
"Onde é que está meu rock'n'roll?"
E também com o Skylab: "E você vai continuar fazendo música?"

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